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A obsessão é um dos males de
que mais
sofre a humanidade . [...] a culpa da obsessão
cabe, em grande
parte , às próprias vítimas ,
por haverem, quando
sãs, alimentado os pensamentos com que
formaram as correntes de atração em que se apoiaram os obsessores. [do livro base do Racionalismo Cristão]
Nessas últimas décadas ,
a ciência tem evoluído bastante , embora
ela continue sendo basicamente materialista.
E é por não
reconhecer a existência
da vida fora
da matéria que
sua evolução
tem sido menor do que
na realidade poderia
ser .
O chamado Transtorno
Obsessivo-Compulsivo [também conhecido pela sigla TOC] é uma das doenças
mentais que
mais tem desafiado a ciência que ,
ultimamente, tem dedicado à ela muitas investigações [1,2,3]. Porém ,
se analisarmos esse distúrbio
pela ótica
racionalista cristã é fácil verificar que o doente portador desse
distúrbio é, na realidade ,
um obsedado.
Na descrição
dessa patologia , pode-se observar
muitas das características descritas no livro básico da
Doutrina , capítulo
sobre Obsessão
[4], cuja sintomatologia
os discípulos do Racionalismo
Cristão conhecem muito
bem . A ciência
convencional detecta os sintomas obsessivos
e compulsivos [ou
incontroláveis ] presentes
nessa doença mental , mas não os sabe
explicar adequadamente, recomendando que , para controlá-los, o doente faça uso de certos medicamentos
e se submeta a uma Psicoterapia
Cognitiva-Comportamental [2].
Historicamente, a
A presença dessas rotas biológicas [6] ligando o cérebro
e o sistema imunológico mostra a existência
de uma interligação muito íntima entre a mente , a emoção
e o corpo . Esse
estudo é feito
pela Psiconeuroimunologia, uma disciplina da moderna
Neurologia que
atualmente tem estado
em grande
evidência . A própria
denominação dessa disciplina
é um reconhecimento
das ligações psico, de mente ; neuro, do sistema
neuroendócrino (que inclui o sistema nervoso
e o sistema hormonal); e imunologia, do sistema imunológico.
Essa resposta
inclui, principalmente , a secreção pelas glândulas
supra-renais de dois
tipos de hormônios :
a adrenalina e os glicocorticoides. Estes dois hormônios preparam o organismo
para enfrentar um perigo iminente (“luta ou fuga ”)
mobilizando energia para
os músculos , aumentando o tônus cardiovascular para que o oxigênio
possa ser transportado mais
rapidamente pela corrente
sanguínea e, inativando funções
não essenciais
para aquele momento .
Essa resposta
ao estresse pode também
ser mobilizada por
mera antecipação .
Assim , quando
alguém imagina erroneamente (possível intuição dada por um obsessor) que
uma ameaça à sua
homeostase está para acontecer
ele poderá entrar
no chamado estresse psicológico
(possível detonador
da obsessão ).
Os trabalhos pioneiros sobre
estresse psicológico
foram feitos já
nas décadas de 50 e 60 do século passado
[8]. Descobriu-se, então , que esse estresse era
exacerbado se não houvesse uma saída para a frustração , um sentido de controle
dando a impressão de que algo melhor poderia ocorrer . Assim , é bem menos provável que um rato venha a
desenvolver uma úlcera
em resposta
a uma série de choques
elétricos se ele
puder roer um
pedaço de madeira
inteiro , porque
ele tem uma saída
para sua frustração . Da mesma
forma , uma pessoa se tornará
menos hipertensa
quando exposta
a um barulho
alto e desagradável, se ela acreditar que pode pressionar um botão , a qualquer momento ,
para diminuir o volume , pois assim ela terá um sentido de controle da situação .
Suponhamos, porém ,
que não
existam essas facilidades e que o estresse seja crônico . As ameaças
repetitivas vão exigir
dessa pessoa uma vigilância
constante levando-a a concluir
que
precisa se manter
sempre em
guarda (presença
constante do obsessor), mesmo na ausência
do estresse . É dessa forma
que a ansiedade
se instala. Uma outra alternativa é que
a pessoa não consiga superar o estresse crônico por sentir-se incapaz ,
mesmo em
circunstâncias que
ela poderia ,
na realidade , dominar (o
obsessor tem o controle total do espírito
daquela criatura ). Nesse caso , a depressão tomou conta dela.
A ansiedade
parece causar um
massacre no sistema
límbico, a região do cérebro que
controla as emoções . A região primariamente afetada
é a amígdala cerebral ,
uma estrutura envolvida na percepção e na resposta
a estímulos que
evocam medo . É interessante notar
que a amígdala
é também o centro
da agressão , salientando o fato de que a agressão pode ter suas raízes no medo – uma observação que
pode explicar , por
exemplo , o comportamento ,
geralmente muito
agressivo dos portadores
de complexo de inferioridade, pois , neles é o medo que predomina.
Contrastando com
a ansiedade , sentida
como uma hiperatividade
desesperada, a depressão é caracterizada por sentimento
de desamparo , desespero ,
sensação de estar
exausto (lentidão psicomotora) e perda da percepção
do prazer de viver . Consequentemente , a depressão
tem uma biologia diferente ;
a liberação crônica
de hormônios glicocorticoides induzida pelo estresse contínuo reduz o nível de noradrenalina
em uma outra
região do cérebro
– o Locus Coeruleus – provocando então a
lentidão psicomotora. O estresse produz, também , depressão agindo nos caminhos cerebrais do humor
e do prazer . Nesse caso ,
existe uma secreção diminuída de dois hormônios : a serotonina e a dopamina ;
a primeira é importante
na regulação do humor e dos ciclos de sono
e, a segunda é a moeda
principal do caminho
do prazer .
Em resumo , enquanto na ansiedade
há uma verdadeira enxurrada de sinais excitatórios de luta
ou fuga ,
a depressão se caracteriza pela
apatia , pelo torpor e pela falta de vontade
de viver (ideias de suicídio
são intuídas pelo
obsessor).
É interessanteobservar que medicamentos
anti-depressivos capazes de aumentar os níveis de
serotonina no espaço
existente entre um
neurônio e o outro
(a chamada sinapse nervosa )
são capazes
de reduzir os sintomas
obsessivos-compulsivos sugerindo, assim ,
que a depressão
é o pano de fundo
do transtorno obsessivo-compulsivo.
É interessante
É importante não confundir essas duas patologias mentais
com episódios
eventuais de ansiedade
e depressão que
qualquer pessoa
está sujeita a ter .
Assim , é perfeitamente
normal haver ansiedade quando
alguém se confronta
com uma situação
nova e desconhecida ,
por exemplo :
assumir um novo emprego , prestar um exame vestibular , defender uma Tese ,
etc. Da mesma forma ,
uma pessoa pode ter uma
depressão devido
à morte de um
ente querido ou ao fim de um relacionamento, por
exemplo .
Existe um limite muito estreito separando a ansiedade
e a depressão consideradas normais
daquelas que são
patológicas. Esses dois
eventos , mesmo
quando normais ,
provocam estresse . E, conforme
já explicamos anteriormente
[9], o estresse inibe o sistema
imunológico, sendo que , no estresse contínuo , esse sistema chega a ser suprimido deixando assim
o organismo totalmente
sem defesa .
Portanto , mesmo
sendo esses fenômenos
decorrentes de uma reação normal eles
devem durar o menor
tempo possível
para evitar a
cronificação do estresse . Para
isso , é importante
que a pessoa
use o poder do pensamento
posto em
ação pela sua força de vontade . Essas são
as duas armas mais
poderosas de que todos
dispomos para evitar a obsessão .
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[...] Quantas vezes
a simples partida
de um ente
querido para o além – coisa tão natural na vida – conduz ao inconformismo ,
à aflição e ao desespero !
[...] O melhor
procedimento dos que ficam para com os que partem é elevar o pensamento às Forças
Superiores com
firmeza e convicção ,
envolvendo-os na ternura da irradiação amiga
para auxiliá-los a romper
a camada atmosférica terrestre
e a seguirem para os mundos
a que pertencem.
Os obsessores, sempre
que a afinidade
for intensa , não
se apartam da vítima , pelo
prazer que
têm de permanecer onde
se sentem bem .
[...] o
[1] Adams, R. D. & Victor, M. Syndromes of
Emotional [Affect and Mood] Disturbances. In: Harrison's Principles of Internal
Medicine. 10th ed., 1984, pp. 136-145.
[2] Cordioli, A. V. As Prováveis
Causas e o Tratamento
do TOC. In: Vencendo o Transtorno
Obsessivo-Compulsivo. 1ª ed., Porto Alegre :
Artmed, 2003, pp. 2-18.
[3] Cordioli,
A. V. Psicofarmacoterapia do Transtorno
Obsessivo-Compulsivo: Uma Revisão . In: Vencendo
o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. 1ª ed., Porto Alegre : Artmed, 2003, pp.
125-180.
[4] A Obsessão .
In: Racionalismo Cristão ,
36a ed., Rio de Janeiro :
Centro Redentor ,
pp. 194-202.
[5] Ader, R. In: Psychoneuroimmunology. Robert Ader,
David Felten and Nicolas Cohen eds., Philadelphia: Academic Press, 2001.
[6] Reichlin, S. Secretion of Immunomodulatory
Mediators from the Brain. In: Psychoneuroimmunology.
Edited by Robert Ader, David L. Felten and Nicholas Cohen. Philadelphia:
Academic Press, 2001, pp. 345-365.
[7] Baldessarini, R. J. Biomedical Aspects of
Depression. Washington DC: American Psychiatric Press, 1983.
[8] Solomon, G. F. Emotions, stress, the central nervous system, and immunity. Annals of the
Academy of Sciences 164: 335-343, 1969.
[9] Glaci Ribeiro
da Silva. Bases científicas dos ensinamentos do Racionalismo
Cristão sobre
o cultivo do bom
humor . Gazeta
Racionalista, novembro de 2003 (V. cap.
3, deste livro ).
[10] Francisco Varela. In:The View From Within: First
Person Approaches to the Study of
Conciousness. Edited by Francisco Varela and Jonathan Shear.
[11] Varela, F. Neurophenomenology: a methodological
remedy to the hard problem. Journal of Conciousness Studies 3: 16-40, 1996.
Por Dra
Glaci Ribeiro da Silva
Fonte: