[...] Os planetas que giram em torno do Sol, são outros tantos mundos; portando, outras tantas escolas, para onde e por onde o espírito terá que passar na sua marcha evolutiva para a perfeição – o Grande Foco, sua fonte de origem. [...] (Pinheiro Guedes, em seu livro Ciência Espírita; 8ª ed., p. 181, 1992).

Esquizofrenia: dualismo entre materialismo e espiritualismo – Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva

Os distúrbios da alma não se curam com drogas nem com eletricidade  (...) visto que não sendo material a causa, não se lhe pode aplicar terapêutica  material mas a psíquica (...). (Luiz de Mattos, no livro Pela Verdade: Distúrbios da Alma,1983, insert p. 77.)

Em filosofia, o termo “dualismo” significa a coexistência de dois princípios ou posições opostas.

Neste capítulo, queremos analisar a dualidade existente entre dois tipos diferentes de ciência – a medicina e a doutrina racionalista cristã.

Essa análise será feita através da comparação da conduta adotada por essas duas ciências em relação às doenças mentais, usando-se como protótipo delas a esquizofrenia.

A ciência médica e a ciência racionalista cristã possuem raízes filosóficas antagônicas, pois enquanto a primeira, por ser materialista, nega a existência do espírito, a doutrina racionalista cristã está toda fundamentada no espiritualismo, ou seja, na existência da vida fora da matéria e na existência do espírito.

A esquizofrenia (do grego, schízein, dividir, separar, fragmentar) é uma doença mental que foi descrita e definida em 1911 pelo psiquiatra  suíço Eugen Bleuler.

Invariavelmente esse tipo de psicose surpreende a família, pois até que o primeiro surto se manifeste, a maioria de seus portadores não dá pistas do que está para vir. Revelam, no máximo, problemas como timidez excessiva e dificuldade de aprendizado. Porém, subitamente, o paciente começa a relatar histórias dissociadas do real e se diz perseguido por vozes, vultos e ameaças permanentes. O mundo do esquizofrênico é frequentemente muito confuso, pontuado de vozes estranhas, pensamentos ilógicos e paranoia (do grego, paranóia,  demência, loucura).
A dificuldade de aprendizado mencionada acima nem sempre está presente nesses pacientes, pois alguns deles são verdadeiros gênios. Esse é o caso, por exemplo, de John Nash Jr., retratado há pouco tempo no filme Uma mente brilhante, que emergiu como um prodígio da matemática e que, em 1994, recebeu o  Prêmio Nobel por seu trabalho.

Culturalmente a esquizofrenia representa o estereótipo da loucura. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença atinge cerca de 1% da população mundial com pouca variação na prevalência da doença entre os países. No Brasil, estimativas do Ministério da Saúde indicam que entre 0,7 a 1% da população sofre ou já teve um surto de esquizofrenia.

O tratamento permite que algumas dessas pessoas vivam de forma relativamente satisfatória e produtiva, mas a maioria não tem a mesma sorte.

Os homens, que tendem a apresentar os sintomas mais cedo, geralmente não se casam, e, as mulheres, que criam vínculos, frequentemente se envolvem em casamentos que não duram. Os sintomas da doença se manifestam geralmente antes dos 25 anos de idade; parece não haver diferença quanto à sua prevalência entre homens e mulheres nem predileção por qualquer camada social.

As doenças psiquiátricas são, de um modo geral, classificadas em dois grandes grupos: as neuroses e as psicoses.

Nas neuroses, o distúrbio é emocional e sua característica principal é a ansiedade. Nelas, não se observam grandes distorções da realidade externa nem desorganização da personalidade, características essas que são típicas das psicoses. No sentido mais amplo, somente as psicoses são consideradas  verdadeiras doenças mentais.

A esquizofrenia é uma psicose cujos sintomas mais característicos são obsessão, alucinações, delírios, fragmentação do pensamento e divisão da personalidade. Dentre esses sintomas, são a obsessão, as alucinações e os delírios os que mais intrigam os profissionais da ciência oficial que são especializados na área de saúde mental.

A obsessão é um fenômeno caracterizado por pensamentos e impulsos, permanentes ou periódicos, que chegam à mente de alguém de um modo involuntário e que são muito resistentes a tentativas de ignorá-los ou suprimi-los.

A alucinação é uma percepção real de algo inexistente, ou seja, são percepções internas que ocorrem sem um estímulo externo. A percepção é considerada real pelos psiquiatras,  tendo em vista a convicção inabalável da pessoa que está sofrendo alucinação. As alucinações mais frequentes nos esquizofrênicos são as auditivas e as visuais.

Quando o paciente passa a interpretar uma alucinação, ela é chamada de delírio. Por exemplo, um paciente pode interpretar uma alucinação auditiva como a voz do demônio, de Deus, dos espíritos ou como uma mensagem telepática. Frequentemente o delírio acompanha a alucinação.

A divergência primária existente entre essas duas modalidades científicas está na etiologia (ou causa) dessa patologia mental e, por conseguinte, derivam disso todas as demais discrepâncias que compõem esse dualismo.

Para a medicina, a causa dessa patologia localiza-se basicamente em um órgão do corpo físico – o cérebro –, enquanto a doutrina racionalista cristã afirma que ela resulta de perturbações espirituais, sendo as alterações cerebrais descritas pelos neurocientistas o efeito e não a causa desse distúrbio mental.

Atualmente a ciência médica tenta explicar a causa da esquizofrenia através de duas teorias básicas. Ambas envolvem neurotransmissores neuronais, ou seja, as substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre as células do cérebro – os neurônios.

A ênfase dada à dopamina como causa da esquizofrenia surgiu nos anos 50 e foi durante décadas o principal foco das teorias sobre esquizofrenia. Mas, nos últimos anos, ficou claro que, além dos níveis altos de dopamina encontrados na esquizofrenia, havia outros fatores causais para a doença e a suspeita principal recaiu sobre os níveis baixos de glutamato – um outro neurotransmissor.

Na visão racionalista cristã os esquizofrênicos são médiuns de incorporação que chegaram à obsessão pelo desconhecimento de suas faculdades mediúnicas.

A mediunidade – um dos mais importantes atributos do espírito – é inata em todos os seres humanos e manifesta-se através de várias modalidades. Além da mediunidade intuitiva – comum a todos os humanos – já foram descritos outros tipos tais como olfativa, auditiva, psicográfica, de incorporação e vidente, além da clarividência.

A mediunidade auditiva (faculdade de ouvir uma ou diversas vozes sem que ninguém emita som algum) é mais comum do que a vidente.

O médium vidente é capaz de captar as vibrações da luz astral, enquanto as retinas dos olhos humanos captam somente as vibrações da luz solar. Isso explica por que alguns cegos, cujas retinas são incapazes de captar as vibrações da luz solar, sejam, no entanto, dotados de vidência. Por esse mesmo motivo, a vidência ocorre tendo o médium tanto os olhos fechados como abertos.

Os videntes são capazes de descrever a figura exata de uma pessoa ausente ou já falecida, que lhe é totalmente desconhecida. Eles fazem dela uma descrição minuciosa – seu porte, feições, atitudes e gestos habituais – identificando enfim a pessoa, que no entanto, é somente visível a ele.

Portanto, para a doutrina racionalista, as alucinações visuais e auditivas dos esquizofrênicos nada mais são do que manifestações de mediunidade vidente e auditiva que esses pacientes possuem.

Essa doutrina espiritualista explica também a obsessão – um mal que aflige uma grande parte da humanidade e não somente os esquizofrênicos  –, através do seguinte mecanismo: o espaço ocupado pela atmosfera terrestre está repleto não só de espíritos como de pensamentos, formando-se assim duas correntes de vibrações – a do bem e a do mal. Uma delas poderá ser atraída pelos seres encarnados, dependendo da afinidade de pensamentos que eles possuam com cada tipo dessas vibrações.

As criaturas de caráter bem formado, cumpridoras dos seus deveres e que mantêm pensamentos sadios, estarão envolvidas pelas correntes do bem. Porém, aquelas cheias de vícios e que se predispõem à pratica do mal, são pólos de atração para espíritos obsessores que se encontram no astral inferior, recebendo deles intuições que podem se manifestar através de alucinações e delírios. Algumas dessas obsessões são tão sérias que acabam impulsionando essas pessoas a cometerem verdadeiros desatinos.

O uso abusivo de substâncias químicas é uma das modalidades de obsessão que atinge o mundo atual de um modo quase epidêmico. Já é sabido que cerca de 60% dos esquizofrênicos sintomáticos fumam cigarros e metade deles abusa de álcool, maconha e cocaína; esse tipo de comportamento costuma exacerbar seus sintomas psicóticos e aumentar a propensão para a violência, inclusive aquela dirigida a si próprio, pois a taxa de suicídio nesses pacientes costuma ser relativamente alta.

Uma explicação lógica e simples é dada para isso pela doutrina racionalista: os espíritos obsessores que perambulam no astral inferior rapidamente identificam os esquizofrênicos, por notarem a facilidade com que eles recebem suas intuições devido à mediunidade de incorporação que esses pacientes possuem. Para que possam continuar alimentando os vícios que tinham quando encarnados, esses espíritos perseguem tenazmente suas vítimas e encostam-se nelas para satisfazer seus anseios. Dessa forma, os obsessores tanto podem levar uma criatura a adquirir determinados vícios, como também podem manter ativos vícios já pré-existentes.

A psiquiatria classifica os múltiplos sintomas apresentados pelos esquizofrênicos em três diferentes categorias denominadas  positiva, negativa e cognitiva.

O público está mais familiarizado com os sintomas positivos, particularmente a agitação, o delírio paranóide (quando o doente acredita que conspiram contra ele) e as alucinações, mais comumente ouvir vozes.

Alucinações de comando, onde vozes instigam a violência contra si mesmos e contra outros, são um sinal extremamente grave, pois os pacientes podem não resistir a elas e atuar de forma violenta.

Os sintomas cognitivos e os negativos são menos graves, porém mais perniciosos. Geralmente formam um agrupamento denominado de “4 A”: Autismo (perda de interesse por pessoas e pelo ambiente); Ambivalência (sentimentos opostos, como ódio e amor, expressos ao mesmo tempo); embotamento Afetivo (manifestado por uma expressão facial suave e imperturbável); e perda de Associação (no qual a pessoa encadeia pensamentos sem uma lógica evidente, frequentemente misturando palavras sem sentido).

Para a doutrina racionalista, os sintomas ditos positivos da esquizofrenia nada mais são do que manifestações mediúnicas decorrentes da dominação do paciente pelos espíritos obsessores.

As alterações cerebrais que têm sido detectadas pela ciência médica nos esquizofrênicos mostrando um padrão típico de disfunção são consequência da grande desorganização celular provocada pela presença constante dos obsessores e dos danos que isso acaba infligindo ao cérebro – a ferramenta usada pelo espírito para comandar o corpo físico.

As drogas usadas pela Medicina para controlar a esquizofrenia são conhecidas como antipsicóticas ou neurolépticas.

Atualmente são usadas tanto drogas inibidoras dos receptores cerebrais de dopamina – clorpromazina (Amplictil*) e  haloperidol (Haldol*) – como drogas estimuladoras dos receptores glutaminérgicos – Glicina (Medifoods*) e D-Serina (Glitech*). Outras drogas envolvendo, ou não, o glutamato, mas possuidoras de potencial para controlar essa psicose, continuam sendo pesquisadas e testadas clinicamente.
* nome comercial da substância ativa

Tanto no Brasil como em outras partes do mundo é o paciente esquizofrênico aquele que mais frequentemente necessita ser internado em hospitais psiquiátricos.


Os pacientes hospitalizados recebem esse tratamento com drogas, porém em doses muito elevadas (no jargão hospitalar, isso é conhecido como “sossega leão”) e são também frequentemente submetidos à terapia eletroconvulsiva, procedimento esse que não é inócuo e costuma deixar sequelas.

Nos casos resistentes ou refratários, os doentes poderão ser submetidos à neurocirurgia estereotáxica funcional, uma psicocirurgia pouco invasiva mas ainda muito polêmica. Tal opção não é ainda um consenso entre neurocirurgiões e psiquiatras. No Brasil, o Ministério da Saúde é contrário à psicocirurgia, alegando que não existem ainda suficientes evidências científicas para autorizar um procedimento como este que, segundo dados estatísticos recentes, envolve riscos para os pacientes.

Mas, apesar disso, essa cirurgia continua sendo feita e as novas técnicas para realizá-la costumam ser testadas usando-se como cobaias humanas os pacientes dos hospitais psiquiátricos públicos.

Esses pacientes são usados também nos testes pré-clínicos que a indústria farmacêutica é obrigada a fazer antes de lançar no comércio novas drogas antipsicóticas.

A conduta terapêutica usada para esses pacientes pela doutrina racionalista tem como objetivo principal promover o afastamento dos espíritos obsessores – a verdadeira causa da esquizofrenia.

Uma vez conseguido isso, o paciente deverá fazer um tratamento complementar visando à correção da desorganização orgânica causada pelos obsessores através da ajuda profissional de médicos e psicólogos. 

A normalização dos portadores de esquizofrenia pode ser completada por ele mesmo, disciplinando seu viver, controlando seu pensamento e sua vontade.

A psicoterapia é um método coadjuvante importante, porém, para se obter sucesso com ela, é indispensável que antes de iniciá-la o paciente esteja livre da presença do obsessor.

O êxito de um tratamento depende essencialmente da etiologia do mal que será curado, pois a conduta ideal deve ser aquela específica para essa patologia.

Por desconhecer ainda a etiologia dessa doença mental, a medicina usa um tratamento que só atinge os sintomas, ou seja, através dele os sintomas da esquizofrenia são minimizados mas nunca curados, pois as causas não são tratadas.
A ciência racionalista cristã, tendo determinado a verdadeira causa desse distúrbio mental, indica para curá-la um tratamento específico, a desobsessão, que está descrito detalhadamente no livro Racionalismo Cristão, que pode ser baixado gratuitamente da internet no site dessa doutrina Racionalista Cristã.

A terapia eletroconvulsiva e a neurocirurgia estereotáxica funcional são tentativas (frustradas, diria eu) feitas pela ciência médica para curar a esquizofrenia, pois em ambas o órgão-alvo é o cérebro – onde na opinião da grande maioria dos médicos está localizada a causa dessa patologia...

Mas, como já dizia Luiz de Mattos – o grande Mestre espiritualista codificador da doutrina racionalista cristã:

A medicina como ciência é ainda incompleta pois trata apenas da matéria. (...) Tendo atingido pontos culminantes, no sentido experimental, para o estudo do homem-matéria, a medicina ainda nada fez para devassar o homem-espírito. (do livro Pela verdade: a ação do espírito sobre a matéria, p. 82).”

Bibliografia

RACIONALISMO CRISTÃO. 42. ed. Rio de Janeiro: Centro Redentor, 2003. A desobsessão: p. 239-244.
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GUEDES, Antônio Pinheiro. Ciência espírita. 8. ed. Rio de Janeiro: Centro Redentor, 1992. Espiritologia: p. 33-66.
NASAR, Sylvia. A beautiful mind: the life of mathematical genius and Nobel laureate John Nash. New York. Touchstone Books, 2001.
MATTOS, Luiz de. Pela verdade: a  ação do espírito sobre a matéria. 9. ed. Rio de Janeiro: Centro Redentor, 1983. Distúrbios da alma: p. 75-79; Dores de consciência já sentidas: p. 80-82.
TUCKER, Gary J. Psychiatric disorders in medical practice. In: Cecil textbook of medicine. 20th ed. London: W. B. Saunders, 1996. p. 1997-1999.
SILVA, Glaci Ribeiro da. Entrevista sobre hospitalização de doentes mentais.  In: A odisséia da Psiquiatria, José Alves Martins; Jornal A Razão, p. 6-7, agosto de 2005.

Esquizofrenia: dualismo entre materialismo e espiritualismo
Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva

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